A relação da JBS com o PSB
teria começado com um acordo para investir R$ 15 milhões “de propina”
na campanha presidencial do exgovernador Eduardo Campos, em 2014. “No dia
que ele faleceu, eu estava com o Henrique, que era a pessoa dele que ele
mandava… Ou o Geraldo Julio, ou Paulo Câmara ou o Henrique para ir lá tratar
da propina”, delata Saud.
“Nós chegamos ao meio
termo que íamos pagar para não atrapalhar a campanha do Paulo Câmara. E ainda
dar uma propina para o Paulo Câmara em dinheiro vivo lá em Pernambuco”,
conta o delator. Além disso, a JBS afirma ter destinado R$ 1 milhão a Arcos
Propaganda, que teria sido apresentada pelo candidato ao Senado. “O
Fernando Bezerra foi beneficiado. Essa nota fiscal aqui de R$ 1 milhão foi para
ele”, afirma Saud.
O esquema da JBS é descrito
por Saud como um “reservatório de boa vontade”. “Não houve
negociação, não houve promessa, não houve ato de ofício. Vírgula. Que se ele
fosse crescendo nas pesquisas com chance de ganhar, a gente ia fazer aquele
mesmo investimento que nós fizemos no Aécio e depois ficaria uma conta corrente
para ser quitada”, explica.
POLÍTICOS REPUDIAM ACUSAÇÕES: Em nota, o governador Paulo Câmara
repudiou a denúncia de recebimento de propina na campanha de 2014. “Nunca
solicitei e nem recebi recursos de qualquer empresa em troca de favores”,
afirma no texto, em que diz não ter recebido nenhuma doação da empresa.
“Tenho uma vida dedicada ao serviço público. Sou um homem de classe média,
que vivo do meu salário”, disse, garantindo que todas as doações feitas a
sua campanha seguiram a lei, foram registradas e aprovadas pela Justiça
Eleitoral.
O prefeito Geraldo Julio
repudiou as acusações e disse nunca ter tratado de recursos ilegais com a JBS
ou com qualquer outra empresa. “O próprio documento divulgado pela Justiça
registra que as doações feitas à campanha nacional do PSB não foram por troca
de favores. Todas as doações recebidas pelo partido foram legais”,
escreveu.
A assessoria de imprensa do
ministro Bruno Araújo foi procurada e ressaltou que, no trecho em que cita o
PSDB, o delator fala em “doação oficial”. O ministro, porém, não
divulgou nota oficial, nem se manifestou sobre as acusações da JBS.
A avaliação não tardou em
ficar velha uma vez que o governador também se tornou alvo de uma delação
premiada, com o nome envolvido em uma suposta propina. Ainda há muita estrada
até a eleição de 2018 e é cedo para dizer se a delação da JBS vai atrapalhar de
alguma maneira a campanha de Paulo Câmara à reeleição, mas com certeza já dá
para cravar que a estratégia dos socialistas irá mudar de agora em diante
porque o discurso de que é preciso passar o País a limpo já não vai soar tão
cristalino quanto antes.
Na última quinta, em vídeo
gravado no Palácio do Campo das Princesas, Paulo Câmara disse que “o
presidente precisa dar explicações à nação”. Em menos de 24 horas, porém,
o governador deixou de ser pedra e virou mais uma das muitas vidraças trincadas
da política no Brasil”. (Franco Benites –
Coluna Pinga Fogo – JC, de 20/05/2017)