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BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | terça-feira, 15 de setembro de 2015

Nenhum artista contratado para se apresentar no São João
de Pernambuco recebeu cachê do Governo do Estado dois meses e meio depois dos
festejos mais tradicionais da região. A informação confirmada em nota ao Viver
(do Diário de Pernambuco) pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de
Pernambuco (Fundarpe) revolta os forrozeiros escalados para as apresentações
juninas e motiva até cobranças bem-humoradas em forma de música por quem se
sente lesado pela demora em receber o dinheiro dos cachês.
“Governador, ajuda a gente / Pois é o forró que deixa o
povo contente / Pois desse jeito já não dá / Olhe, governador, eu tenho contas
pra pagar”, diz o trecho da música Ajude o artista, composta por Daivinho
Sanfoneiro, 30, de Carpina, e publicada por ele nas redes sociais no começo do
mês.
O comentário no vídeo também critica valores destinados
às atrações de fora do Estado e credita a diferença a uma desvalorização dos
artistas locais. “Acredito que é uma forma de fazer protesto sem ofender
ninguém e expondo as necessidades da classe artística”, comenta o músico,
que se chama Deivson Barbosa e toca acordeon há 15 anos. “O artista
popular ama viver da sua arte e está cada vez mais difícil se manter desta
forma sem o comprometimento do poder público”.
A nota da Fundarpe se limita a informar o não pagamento e
a estimar o próximo mês como prazo final para a quitação dos débitos junto aos
artistas: “Não pagamos ainda o São João. Nossa expectativa é que possamos
concluir os pagamentos até outubro”.
Forrozeiros tradicionais da região ouvidos pela
reportagem do Viver só aceitaram falar sem revelar a identidade. Eles
confirmaram o calote, se queixaram da demora e disseram ter obtido como
justificativa por parte dos representantes dos órgãos públicos “uma dificuldade
do Estado de arrecadar dinheiro para quitar a dívida”.
O anúncio das atrações do São João deste ano já previa
dificuldades orçamentárias para tocar a festa. A verba destinada à contratação
de artistas em 2015 foi reduzida de R$ 12 milhões (2014) para R$ 8 milhões –
mas o governo sinalizou com a preferência pelos artistas pernambucanos ou
radicados no Estado.



O problema de pagamento de cachê é constante nas festas
públicas promovidas no Estado. Atrações locais do carnaval se queixam com
frequência de não pagamento da remuneração pelas apresentações – tanto em nível
municipal quanto estadual. A burocracia é, em geral, apontada pelos dirigentes
de órgãos públicos como a principal dificuldade para quitar em dia as
pendências.
(Com informações do Diário de Pernambuco)



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