As 184 cidades pernambucanas terão direito a R$
228 milhões, mas os 22 projetos representam apenas um pequeno recorte dos 437
enviados pelas prefeituras após o governador Eduardo Campos (PSB) criar o
fundo, em fevereiro passado. A Prefeitura de Iati é destaque nesse assunto e
vai investir todo o recurso destinado ao Município em obras de captação e
distribuição d´água.
O fundo foi criado para movimentar a economia, incentivar os investimentos dos
municípios e, como pano de fundo, servir de plataforma política para a eventual
campanha presidencial do governador pernambucano. Mas em um cenário de estiagem
como este, poucos municípios decidiram usar os recursos para realizar obras de
abastecimento. Os prefeitos, no tocante ao combate à seca, ficam mais como
espectadores, aguardando grandes obras dos governos federal e estadual.
Cada cidade pernambucana terá direito de receber o valor médio equivalente a
uma parcela do Fundo de Participação Municipal (FPM) paga pelo Governo Federal
no ano passado. Mas a prioridade das prefeituras passou longe de criar medidas
que possam aliviar a seca das cidades. Cerca de 70% dos prefeitos solicitaram
para seus municípios obras de pedra e cal, como calçamentos de ruas.
De acordo com o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco(AMUPE),
José Patriota (PSB), a maioria dos prefeitos optou por investir em calçamento
porque a população do campo está migrando para os centros urbanos dos
municípios por falta de água e muita gente, nesse momento, precisa de emprego.
“No último dia 20, a parcela do FPM caiu 48%. Estamos com as mãos atadas. […]
Também tem outro aspecto. O calçamento de ruas é uma questão de saúde. Quando
não chove, tem poeira nas casas. Quando chove é lama”, explicou.
Para o pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, João Suassuna, os municípios são
pouco criativos e passivos em relação à seca. Segundo ele, os prefeitos
poderiam ter feito projetos para usar parte dos recursos para aliviar o drama
da estiagem em 2014, já que a previsão de chuvas para este ano não é alta. “É
lamentável que apenas 22 projetos tratem do assunto. É um disparate, porque os
municípios têm que se precaver”, declarou Suassuna”. (Na imagem o Perfeito de Iati, Padre Jorge. Iati
vai investir todo o recurso do Fundo Estadual em obras de captação e
abastecimento d´água).