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BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | domingo, 03 de março de 2013

Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
pretende usar um material feito a partir da cana-de-açúcar como substituto do
silicone em próteses para cirurgias plásticas. Trata-se de um tipo de
biopolímero produzido com uso de bactérias. Sua aplicação vem sendo estudada em
várias áreas médicas. Na primeira fase de testes, a equipe usou o material em
porcas, aplicando cerca de 5 ml em gel nas tetas dos animais.
De acordo com o cirurgião plástico Ivo
Salgado, que está fazendo a pesquisa como parte de sua dissertação de mestrado,
o biopolímero tem a vantagem de ser mais bem aceito pelo organismo do que o
silicone, material mais usado em próteses atualmente.
“Quando implantamos silicone, não há problema
nenhum, só que o organismo cria uma ‘defesa’, uma espécie de cápsula para se
defender do material dentro da mama, e com o tempo ele precisa ser trocado. Já
o comportamento do biopolímero de cana é diferente do silicone. Ele vai sendo
substituído por tecidos do animal: o tecido mamário e os que estão em volta,
que invadem o biopolímero. Assim, a prótese não precisa ser trocada, e pode
ficar dentro do corpo até a morte”, assegura Ivo Salgado.
Nos testes feitos com três porcas, o médico
injetou o biopolímero em metade das tetas de cada uma das fêmeas para observar
o comportamento e a reação à aplicação, totalizando 18 aplicações. “Elas
reagiram bem, os estudos mostram que é biocompatível, sem causar danos”, contou
Salgado. A segunda fase da pesquisa envolve outros testes nos suínos, que serão
realizados a partir do implante de próteses feitas com o material.
O cirurgião explicou ainda que o passo
seguinte é dar continuidade às pesquisas na área, para que possam ser feitos testes
em humanos. “A gente vai refinar o estudo para que isso possa ser usado em
humanos. Faltam ainda análises da Anvisa e de outros órgãos competentes, e isso
leva um certo tempo”, pontuou.

Ivo
Salgado trabalha com cirurgia plástica há 30 anos em Pernambuco, e contou que a
procura pelos implantes de seios cresceu muito no estado nos últimos anos,
assim como aumentou o tamanho das próteses. “Antigamente todo mundo queria
mamas pequenas, fazia-se muita plástica para diminuir a mama. Hoje é o
contrário: todas querem mama grande. As próteses, de 100 ml, 200 ml, foram
sendo substituídas pelas de 300 ml, 350 ml”, contou o médico, que calcula
realizar cerca de sete implantes de silicone por mês, o que representa de 20% a
30% de todos procedimentos cirúrgicos feitos por ele mensalmente.