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BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | segunda-feira, 25 de abril de 2016

A crise
econômica, que já se revela a mais severa da história do País, não poupa
ninguém, mas em poucos lugares ela se materializa de forma tão clara e
dramática como em Pernambuco. Por qualquer aspecto que se olhe, o Estado foi do
apogeu ao fundo do poço com uma veemência e uma velocidade poucas vezes vistas.
Por aqui, as
vendas do varejo acumulam retração de quase 10% em 12 meses, mais que o dobro
da média nacional. Nesse início de ano, a produção industrial sofreu um tombo
de 26% em relação ao ano anterior, puxado pelas indústrias de alimentos, em
especial de açúcar e laticínios, que penam com a seca. O desemprego na capital,
Recife, já atinge mais de 10% da população.



O cenário no longo prazo também
se deteriorou. Projetos na área de petróleo e gás, que prometiam mudar o perfil
da economia local, naufragaram em denúncias de corrupção na Operação Lava Jato.
Grandes obras do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, que criariam um
novo patamar para infraestrutura local, estão praticamente paradas à espera de
recursos federais.



“A economia
de Pernambuco está tendo uma crise mais aguda porque sofre em duas pontas: o
setor mais tradicional, a indústria de alimentos, sofre com a seca, e setores
novos, ligados a cadeia de petróleo, tiveram um baque”, diz o professor
João Policarpo Lima, da Universidade Federal de Pernambuco, que pesquisa o
desenvolvimento local.






Para arrematar, o nocaute da
economia pernambucana tem um ingrediente particular: epidemias de viroses
transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, que aumentam os custos com a saúde
pública e as perdas no setor privado. Entre 144 das maiores indústrias
pernambucanas, que participaram de uma pesquisa sobre os impactos do mosquito,
114 registraram afastamentos neste ano por causa de doenças do Aedes e 42%
relataram queda na produção pela ausência prolongada de funcionários.



O que mais
preocupa quem acompanha de perto a crise local é que os dados com o desempenho
da economia não param de piorar. “O ano passado já não tinha sido bom, mas
as quedas retratadas nos indicadores que estamos vendo agora são tão acentuadas
que já acho que vamos ter saudades de 2015”, diz o economista Tobias
Silva, da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe).



Uma
das maiores preocupações de Tobias Silva é entender por que estão em franca
queda dois setores básicos da economia local, alimentos e bebidas. No Estado
onde o verão dura quase o ano interior e as praias atraem turistas do mundo, a
produção de cerveja e chope vem caindo há 13 meses. A indústria de alimentos,
por sua vez, teve retração de 44% em fevereiro, o último dado disponível.
“É uma queda muito forte, que não se explica apenas pelo açúcar e precisa
ser investigada melhor para entendermos o que está acontecendo”, diz
Silva. (Com informações d
o
Estadão Conteúdo)