“Parte da imprensa ingênua e parte daquela alugada ao
neoliberalismo concentram suas baterias sobre o tomate. É o vilão da economia,
o responsável pelo risco da volta da inflação, inimigo das saladas e do
macarrão.
O problema é que os barões da imprensa e seus acólitos
não precisam frequentar os supermercados, as feiras-livres e as esquinas.
Veriam que de semana em semana aumenta tudo. Frutas, legumes, cereais, doces e
salgados, ninguém compra hoje o que comprava ontem com o mesmo dinheiro, se não
estiver disposto a reduzir as refeições. Ou a sacrificar outras despesas, como
o colégio dos filhos, os remédios ou o lazer.
Não apenas os índices de aumento da inflação nos
levam a essa realidade. O dia a dia de cada cidadão que vive de salário é
implacável, em especial porque fora algumas categorias especiais, os
vencimentos crescem muito menos do que as despesas. Seria bom o governo pensar
nessa discrepância, que atinge desde o devedor do Imposto de Renda até o
indigitado que recebe o bolsa-família. É nisso que a presidente Dilma deveria
prestar atenção, muito mais do que no preço dos carros zero quilômetro ou nas
refeições dos restaurantes de luxo, que também aumentam”.