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BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | domingo, 28 de abril de 2013


“CAROS AMANTES DE GARANHUNS:


Alguns tecnocratas andaram anunciando, como decisão de Governo, uma desastrada
intervenção no encaminhamento do traçado da duplicação da BR-423 (São
Caetano-Garanhuns), ação da maior importância para todo o Agreste Meridional que
é imensamente grato ao Governador Eduardo Campos pela decisão governamental de
implantar essa duplicação.


Entretanto, alguma coisa está destoando da extraordinária iniciativa. No dizer
do poeta, “as cidades nascem dos sonhos” e esses sonhos não podem ser
destruídos por uma insensibilidade burocrática. Os luminares de engenharia
rodoviária e urbanística recusam-se considerar a absoluta e inarredável
necessidade de inclusão, no projeto executivo, de uma alça de contorno à cidade
de Garanhuns, sob a medíocre alegação do alto custo da obra e, com isso,
pretendem DESPEJAR o consequente adensamento de tráfego em uma via urbana da
cidade que acarretará – sem qualquer dúvida – na destruição de uma boa parte de
Garanhuns. Isso é uma prática predatória, gerada por técnicos ainda aferrados a
conceitos medievais, que nenhuma cidade do mundo atual admite mais.


Claro que essa alça proposta faria parte de um anel rodoviário contornando a
cidade para racionalizar a capilarização de um importante entroncamento
rodoviário, com fulcro em nossa cidade e que não está sendo devidamente
avaliado. Claro que, para sua construção, não se pode atentar, apenas, para o
seu custo, mas, sobretudo, para os seus aspectos técnicos, econômicos, sociais,
políticos, urbanísticos, ambientais, mobilidade urbana (o mal do século),
qualidade de vida, etc. não podendo se ater a mesquinhos indicadores de custo,
sem avaliar sua economicidade.


Por falar em economicidade, os técnicos “esquecem” de observar a circunstância
de que TODA A FAIXA DE DOMÍNIO DA ESTRADA A SER DUPLICADA ENCONTRA-SE
PRESERVADA NAS MESMAS CONDIÇÕES DE SUA DESAPROPRIAÇÃO OCORRIDA HÁ MAIS DE
TRINTA ANOS, ainda no governo Nilo Coelho. O custo, portanto, para
desapropriações do percurso é SIMPLESMENTE ZERO. Excetuam-se, logicamente, as
intervenções de interseção das estradas e acessos a cidades ao longo do seu
trajeto, que existirão de qualquer modo e que evidenciam a significativa
economicidade do projeto.


São importantes, portanto, algumas observações:


ENTRONCAMENTO RODOVIÁRIO:


Cruzam em Garanhuns algumas rodovias alcançando cidades importantes no contexto
nordestino:


a)    A própria BR-423, com início em São Caetano servindo em
seu trajeto: Cachoeirinha, Altinho, Ibirajuba, Lajedo, São Bento do Una, Belo
jardim, Canhotinho, Jupi, Jucati,  Calçados, Vila de Neves, Vila de São
Pedro, Paranatama, Saloá, Iati, Aguas Belas,  Itaíba, Tupanatinga, Buíque
e Arcoverde; daí em diante cruza todo sertão alagoano, até alcançar a cidade de
Paulo Afonso na Bahia.


b)    A PE-177, com início em Palmares, servindo em seu trajeto:
Catende, Belém de Maria, Lagôa dos Gatos, Vilas de Laje Grande e Batateiras,
Jaqueira, Maraial, São Benedito do Sul, Quipapá – onde alcança a BR-104 ora em
duplicação – , Panelas, Cupira, Agrestina, Caruaru, Canhotinho, Angelim,
Palmeirina e São João.


c)    A BR-424, com início na Região do Pajeú, servindo em seu
trajeto Arcoverde, Pedra, Venturosa, Caetés,  Capoeiras, Vila de Poço
Comprido, Correntes e entra no Estado das Alagoas em Santana do Mundaú até
alcançar Maceió.


d)    PE-218, que já está a exigir também sua duplicação, com
início em Garanhuns, servindo em seu trajeto Brejão, Terezinha, Bom Conselho,
até alcançar a divisa com o Estado das Alagoas no município de Palmeira dos
Índios.


Desnecessário realçar que a duplicação da BR-423 resultará em forte incremento
do tráfego nessas rodovias que se entrelaçam no entroncamento de Garanhuns, com
reais danos e uma breve saturação da área urbana de Garanhuns.


ÁREA ATINGIDA PELA MANUTENÇÃO DO ATUAL TRAÇADO:


A BR-423, a manter-se o projeto, prejudicará uma parte substancial da cidade,
sendo de relevar-se que ali já se encontram atividades de intensa movimentação
viária, tais como o campus da Universidade de Pernambuco, o campus da
Universidade Federal Rural de Pernambuco e sua Clínica de Bovinos, o quartel do
71º BI Mtz. e provável quartel do Batalhão da Polícia já em estudos, a U.P.A.E.
com inauguração para dentro em breve, o Shopping Center já em construção e
vários condomínios residenciais (privês) de alta qualidade.


Ressalte-se, ainda, que nesse trecho urbano a ser invadido pela duplicação,
existem dois boqueirões profundos submetidos a uma erosão constante, sendo que
o último deslizamento ocorrido em um deles, interditou uma faixa de tráfego
que, dada a sua dimensão, levou alguns anos para ser reparado e, mesmo assim,
já apresenta um novo afundamento da pista. Imagine-se o que vai acontecer com o
alargamento resultante de sua duplicação.


Os danos serão irreparáveis para o desenvolvimento ordenado de sua área urbana;
o prejuízo inevitável para sua mobilidade; a necessidade de construção das
“famigeradas passarelas” de pedestres, obedecendo a uma tradicional e perversa
prioridade uma vez que não permite sua utilização por quem mais precisa: os
deficientes físicos e idosos que continuarão obrigados a atravessar a pista
atropelando os veículos; a importuna construção das inevitáveis “lombadas” que
dificultarão a rapidez do tráfego dos veículos que ultrapassarem Garanhuns em
demanda às cidades do entorno; a lentidão do trânsito que prejudicará também os
veículos de toda a região na sua ultrapassagem e o inexorável aumento dos
acidentes que resultarão em mortes e incapacidades físicas e aí ninguém esqueça
que estamos tratando de VIDAS HUMANAS.


PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:


As cidades não são pensadas apenas para o presente e a falta de previdência
pode ser destruidora. É pacífico que precisamos planejá-las pensando no futuro
para que não mais ocorram os desastres urbanos já provocados, bem como e,
sobretudo, o alto custo das alternativas a que estão obrigados os gestores de
agora para reparar os erros dos governantes de outrora, de que são exemplos:


a)    O Arco Metropolitano composto por uma autoestrada com
cerca de 70 quilômetros para contornar o Recife, que o governo Eduardo Campos
está encarando para corrigir um erro do passado, a um custo altíssimo de
desapropriações, na medida em que atravessa uma região de grande valorização
imobiliária e sem contar o prejuízo já causado à cidade pelo atual traçado da
BR-101. Os jornais do dia 26 de março divulgaram fartamente que essa obra
custará a “bagatela” de R$1.200.000.000,00 (um bilhão e duzentos milhões de
reais), enquanto os 76 quilômetros da duplicação da BR-423 custarão apenas
R$450.000.000 (quatrocentos e cinquenta milhões de reais), ou seja, cerca de
1/3 do custo desse arco rodoviário;


b)    O incrível viaduto de Cinco Pontas, na cidade do Recife,
uma verdadeira aberração da engenharia de trânsito e urbanismo, que está a
exigir uma reformulação integral da área, incluindo a sua demolição;


c)    O primor de má-concepção dos dois viadutos em frente ao
Aeroporto do Recife, que desembocam os seus escapes em corredores de gelos
baianos, sem falar nos inúmeros conflitos criados nos seus acessos e saídas;


d)    Todos lembram que a decisão sobre a construção do túnel e
do maior viaduto do Nordeste, na transposição da Russinha pela duplicação da
BR-232, somente foi tomada durante a construção. A solução foi encontrada no
decorrer da obra e, independentemente do seu custo, na Russinha foi possível e
porque em Garanhuns a solução tem que ser a MAIS BARATA, mesmo sendo de
qualidade discutível e custando a degradação da cidade?


e)    Mesmo com essa solução da Russinha, não se tangenciou a
cidade de Gravatá que resultou invadida e devastada pela duplicação e tem hoje
7 (sete) quilômetros de autoestrada interditados para velocidades superiores a
40 quilômetros e vale lembrar que em dias de festas (que são constantes) a
estrada fica totalmente engessada. A cidade de Gravatá tem tolerado esse
absurdo porque a maioria da população à margem da estrada não vive lá e não tem
qualquer relação de amor a terra, frequentando-a apenas em fins de semana.


f)    Da mesma forma em que se critica a desastrada travessia de
Gravatá, ressalte-se a eficiente transposição de Vitória de Santo Antão,
tangenciando a cidade sem criar-lhe danos e implantando novos focos de
desenvolvimento para a região. Recentemente, o Jornal do Commercio em sua seção
de Economia destacou o que já denomina de “Complexo Industrial que se formou
nos municípios de Glória do Goitá, Pombos e Vitória de Santo Antão” com uma
movimentação naquelas cidades na ordem de 4,3 milhões de reais mensais e
significativa geração de empregos.


g)    Em Caruaru, que tem apenas uma única interseção com a
BR-104, já foi concluído o anel de contorno da cidade. Porque em Garanhuns não
se elabora, desde logo, o projeto completo do anel rodoviário e mesmo que sua
construção não se complete agora pela (alegada) escassez de recursos, que se
faça a transposição da cidade mediante sua ultrapassagem em direção a Paulo
Afonso através de um tangenciamento desde logo enquadrado no projeto original.
O resto se faz depois, à medida que sua necessidade se imponha através do
desenvolvimento das estradas integradas e da própria cidade;


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE GARANHUNS:


Esqueçamos, no episódio, a nossa baixa-estima e vamos pensar grande e esta é a
grande questão. A implantação do arco rodoviário da cidade de Garanhuns, além
de todas as razões de natureza técnica já expostas, expõe a possibilidade de um
desenvolvimento ordenado, no seu entorno, de uma nova fronteira de expansão da
cidade, recomendada por sua localização afastada da zona residencial, em que se
abrigaria um polo industrial e de serviços, preservando-se de antemão o
meio-ambiente e estabelecendo-se as normas legais de proteção da utilização dos
seus espaços.


Seriam incluídos na elaboração deste megaprojeto: um distrito industrial; um
espaço consentâneo para eventos (todos proclamam que a cidade não suporta mais
a magnitude do Festival de Inverno e discutem a ampliação da praça de eventos
atual); um centro comercial incluindo mais um shopping center; um centro de
artesanato; um centro de convenções articulado com um hotel, ambos de nível
internacional (os jornais do último domingo – 21.04 – dão notícia que o Centro
de Convenções do Recife já está comprometido até 2015); uma unidade de
qualificação profissional compatível com a demanda do projeto e reserva das
áreas de estacionamento necessárias para todas essas atividades.


Considere-se o baixo custo da área a ser utilizada, diferentemente dos espaços
urbanos centrais, que facilitaria sobremodo as eventuais desapropriações que se
fizessem necessárias para sua implantação e, ademais, a multiplicidade das
atividades permitiria a sua implantação de forma gradual, favorecendo a
identificação, garimpagem e busca dos investimentos privados bastantes à sua
execução.


Não se pode esquecer nessas considerações a necessidade de prever, nos
referidos polos, a construção de conjuntos residenciais para abrigar os
trabalhadores neles envolvidos, assegurando-lhes residência próxima aos locais
de trabalho, com baixo custo e dispensando transporte coletivo em distâncias
longas que resultam em estressante perda de tempo e, ademais, com essa
providência, seria evitado o grave problema da FAVELIZAÇÃO, sempre recorrente
nos projetos de desenvolvimento , mal ou sem planejamento adequado.


Com a necessária antecipação, em tarefa conjunta do Estado e do Município,
seria elaborado um macroprojeto para essa nova fronteira que estabeleceria no
seu planejamento todos os requisitos, demandas e distribuição espacial sem essa
estúpida invasão da área urbana da cidade, com reais danos à qualidade de vida
da população que todos temos a obrigação de preservar, para sua execução no
prazo adequado às suas necessidades e possibilidade de captação de recursos.


CONCLUSÃO


Não sou autoridade nessa matéria, mas assumo a ousadia e a vaidade de
intrometer-me na questão em face do nosso pioneirismo (eu e outros companheiros
do Partido) no trato dessa questão, ainda em janeiro de 2012 em uma das famosas
reuniões promovida pelo nosso PSB de Garanhuns, quando se discutiu amplamente a
questão do projeto de duplicação da estrada São Caetano-Garanhuns. Considero
lamentável que as nossas autoridades constituídas e legitimadas pelas eleições
de 2012 aceitem, passivamente, a desastrada iniciativa, conforme se comprovou
na audiência pública dirigida pela Secretaria de Transportes. Elas foram
omissas e lenientes diante da anunciada maldade que se pretende fazer com nossa
terra.


IVAN RODRIGUES”.