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BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | quinta-feira, 01 de agosto de 2013


Em maio
do ano passado, recebi com muita honra um título de “Professor
Emérito” concedido pela AESGA. Na ocasião, dirigi uma mensagem de
agradecimento que traz um trecho de incrível oportunidade no que diz respeito à
questão da FAMEG e achei que era bom relembrá-lo. O trecho está sublinhado para
destaque e entendo que vale a pena divulgar.
Grande
abraço de Ivan Rodrigues.
Maio de
2012 
PARA A
AESGA
At.: Dra.
Eliane Simões
De
repente, e lá se vão 35 anos, Everardo Gueiros bate na minha porta anunciando a
criação da Faculdade de Administração de Garanhuns e encarecendo minha
participação como Professor da nova escola, fruto da surpreendente visão do
nosso Prefeito Amilcar Valença.Tomo um susto e manifesto a minha relutância em
aceitar o convite, pois não tinha qualquer experiência na matéria; conhecimento
de um negócio chamado pedagogia só por ouvir falar; tempo curto para me dedicar
à nobre tarefa em face de minhas atividades no Recife e, além de tudo, pensem
numa questão melindrosa: em pleno regime autoritário de 1964, um confessado
opositor do regime, lecionar a cadeira de Ciência Política, explicando os
fundamentos do sistema democrático para um alunado composto de inúmeros
militares do 71 B.I., inclusive graduados que hoje são meus amigos.
Minha
relutância foi vencida pelas razões expostas pelo nosso querido amigo Everardo,
dizendo das dificuldades para a implantação da faculdade, sobretudo na obtenção
de professores para garantir o início de seu funcionamento. Tenho, pois, a
convicção de que naquelas circunstâncias qualquer um serviria…
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Aí, como
refere o poeta Bandeira, acontece o meu ALUMBRAMENTO. Quando começo, com muita
dificuldade, a desempenhar minha tarefa, descubro a sensação maravilhosa do
magistério. Empolguei-me. Apaixonei-me. Apenas pela intuição, transformei as
aulas monocórdias em centro de discussão e debates e com isso tentava manter a
atenção de alunos cansados após um dia inteiro de trabalho, sem contar que as
aulas eram às sextas-feiras. Tomei gosto e só parei quando ficou cansativo
demais.Intimido-me ainda hoje, confundido entre tantos mestres e doutores que
enaltecem esta casa, mas sendo humano tenho que externar alguns orgulhos e
vaidades que carrego e vou desnudar agora: ser chamado de “Professor” por
ex-alunos inclusive por alguns que eu nem os reconheceria mais, se não se
apresentassem como tal; o fato de que nunca – mas, nunca mesmo – necessitei
chamar a atenção de algum aluno durante os oito anos em que tentei ajudá-los a
aprender; a honra de ter tido como alunos, algumas figuras exemplares de
cidadania e dedicação à causa pública em nossa terra e que tomo a liberdade de
representá-las – sem demérito das demais – na pessoa da ilustre Presidenta da
AESGA, Dra. Eliane Simões, que tem sido peça importante e fundamental para o
êxito crescente desta instituição e que, por vezes, me deixa impando de vaidade
quando me chama de Professor; o orgulho de afirmar, sempre que posso, que sou
Ex-Professor desta casa de ensino. Hoje através desta significativa homenagem,
intitulando-me de “Professor Emérito”, convenci-me que sou mesmo!
Teluricamente
arraigado às raízes deste solo; com meu território circunscrito pelas sete
colinas; saciado pelas águas das fontes que fazem história como Vila Maria, Pau
Pombo, Serra Branca, São Vicente, Pau Amarelo; com minha formação inicial no
velho Diocesano, ainda no tempo em que se escrevia Gymnásio com “Y” e com “M”;
as lições de honra e cidadania que aprendi com meu velho pai Zébatatinha,
continuadas pelo meu querido irmão Ivaldo que, falecido recentemente, deixou-me
como o novo patriarca da família e com o meu grande mestre e amigo Miguel
Arraes; minha residência assentada na Praça Souto Filho (poeticamente chamada
de ”praça da fonte luminosa”) onde fui morar há 62 anos quando casei com minha
eterna namorada e companheira Dulce; tenho meus avós e bisavós registrados em
nomes de rua de nossa cidade e todos eles descansando para sempre em São Miguel
e devo ser homem de muitas posses, uma vez que tenho lá nada menos que quatro
jazigos de família à minha espera e disposição.
Como
Luther King, mantenho os meus sonhos realimentados pelos devaneios de Manoel
das Estrelas que passava as noites recolhendo estrelas no alto do Magano, para,
na madrugada seguinte, oferecê-las à venda na feira e a população se
acumpliciava com seu delírio e as comprava; o acendrado amor à terra de “Seu
Thompson”, missionário americano de nascimento que aqui aportou no início do
século XX e que, após se aposentar tentou voltar para sua terra de origem, mas
sentindo-se um estranho, voltou para Garanhuns onde recolocara suas raízes e
passou o resto de seus dias varrendo a calçada de sua casa na Praça D. Moura e
sempre que lhe perguntavam o que estava fazendo, respondia com sua voz doce e
suave: “Estou varrendo a PÁTRIA meu filho”.
Tudo isso
me prende, de forma arrebatadora, à minha Garanhuns e exulto quando vejo a
grandeza desta autarquia idealizada e construída por tantos que tiveram a visão
de se anteciparem e se fazerem protagonistas e não figurantes da história de
nossa terra. Não quero acusar ninguém, mesmo porque todos somos responsáveis e
culpados pelo marasmo e a perda de auto-estima de nossa gente, provocados pela
omissão de nossas lideranças que não aprenderam a lição do poeta: “Quem sabe
faz a hora, não espera acontecer!”.
Ficamos
todos a esperar a iniciativa de nossos governantes e só fazemos reclamar quando
os benefícios não chegam. Quando falo em lideranças omissas refiro-me a todos
os setores de atividade e não apenas às lideranças políticas. Chegamos ao
absurdo de não aproveitarmos a presidência da República de um filho de
Garanhuns, durante oito anos, sem que fossemos capazes de colocar um projeto,
um plano, uma proposta em sua mesa. Tudo que aqui aportou foi por iniciativa do
Governo Federal.
A mesma
coisa ocorre com o Governo do Estado que já resolveu em definitivo o grave
problema do abastecimento d’água que – não podemos esquecer – nos martirizava
há mais de trinta anos. Retirou o presídio feminino que o governo anterior
resistiu e não o fez. Instalou uma faculdade de medicina, no campus do UPE,
quando forças não muito ocultas procrastinaram – e ainda persistem – a
instalação da FAMEG. A implantação de um Expresso Cidadão que trará reais benefícios
para a cidadania de toda a região. Concluindo a ampliação do Hospital D. Moura
para capacitá-lo como Hospital Universitário e a construção de uma Unidade de
Pronto Atendimento Especializado. Tudo por iniciativa do Governo Estadual.
Assisto,
entristecido, essa crescente omissão de nossas lideranças que, sem qualquer
iniciativa consistente, limitam-se a aguardar as sobras dos banquetes, para aí
então se engalfinharem pela paternidade dos eventuais benefícios que aqui
aportam. Querem arrebatar o mérito dos benefícios, sem que para nada tivessem
contribuído. Nesse caso a disputa é séria, pois todo mundo quer ser pai de
crianças lindas, louras e de olhos azuis.
Esta casa
é um exemplo concreto de protagonismo ativo da construção do nosso desenvolvimento,
com a implantação dos cursos atualmente existentes neste Campus. A Prefeitura
não esperou por ninguém e como fruto da
visão estratégica do Prefeito Amílcar Valença, esta instituição foi instalada,
como esta efeméride anuncia, há 35 anos, iniciando-se com a instalação da
Faculdade de Administração. Como se vê, a iniciativa foi das nossas lideranças
de então e a lição serve como emblema para as atuais e as que venham lhes
suceder.
Garanhuns
desfruta, hoje, os Campus da Universidade de Pernambuco, da Universidade
Federal Rural e da AESGA que ganhará, futuramente, o status de Universidade,
além da FAMEG que retomará, por certo, o seu funcionamento. Vejam que
importante estoque de inteligência, de saber, de ciência, de tecnologia, de
pesquisa, de ecologia e preservação do meio ambiente poderá ser mobilizado para
a construção de um modelo de desenvolvimento estratégico sustentável. Para
isso, impõe-se uma indispensável unidade de pensamento e a congregação da
sociedade civil com suas lideranças políticas em torno da mudança dos costumes
e da prática da cidadania em nossa região, tornando-a capaz de fazer-se
protagonista da nossa história. Para tanto, confia-se na capacidade e
competência dessa extraordinária fonte de saber que o nosso centro
universitário vem acumulando. Todos somos responsáveis e dessa responsabilidade
ninguém pode se eximir.Obrigado AESGA, com o profundo respeito de Ivan
Rodrigues”.

Ivan
Rodrigues