Este ano, o lema que tomará conta da Praça da Palavra, o polo de literatura
do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), é a de que “qualquer pessoa pode
fundar um selo e criar livros artesanais”, como diz Wellington de Melo,
coordenador de Literatura da Secult-PE/Fundarpe. A literatura cartoneira,
movimento editorial poético, filosófico, político e cultural que nasceu na
Argentina, em 2002, com a criação da Eloisa Cartonera, parte desse princípio.
Ao utilizar papelão para a confecção das capas de livros, aliando literatura,
artes plásticas e consciência ecológica, o movimento vai na contramão do
mercado, atuando pela descentralização do comércio do livro.
Além de editoras independentes, os cartoneiros, ou “catadores”, como têm
sido denominados aqui no Brasil, são coletivos com preocupação social e
ecológica. Escritores e artistas juntam-se aos catadores de papelão para
confeccionar livros, utilizando a matéria-prima dos catadores para as capas, a
fim de valorizar o seu trabalho e desenvolver o seu potencial artístico. O
papelão é comprado dos próprios catadores a preços menores do que os do mercado
e, quando transformados em livros, são vendidos a valores módicos. O apurado,
por sua vez, é distribuído entre escritores e catadores. O movimento iniciado
na América Latina já se difundiu pela Europa e tem seus representantes
brasileiros, incluindo de Garanhuns.
A edição do FIG do ano passado levou o coletivo paulista Dulcinéia Catadora
para a Cidade das Flores, deixando como fruto de uma oficina o selo Severina
Catadora. Durante a ação, os escritores do município, do coletivo u-Carbureto,
se somaram à Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reciclável
Nova Vida (Asnov), do bairro da Cohab III produzindo a publicação “Severina
Catadora”, de mesmo nome do selo.
Este ano, o escritor Helder Herik e a catadora Núbia Bezerra, do selo
Severina Catadora, estarão no I Encontro Internacional de Literatura
Cartoneira, dias 25 e 26/7, junto a nomes de vários países: Nicolas Duracka
(Cephisa Cartonera, França), Washington Cucurto (Eloísa Cartonera, Argentina),
Daniela Elias (Babel Cartonnière, Bolívia), Amandine Cholez (Yiyi Jambo,
França/Paraguai) e Juan Malebrán (Canita Cartonera, Chile).
Parte da programação, os cartoneiros também realizarão workshops de criação
de livros artesanais durante o festival.
Saiba mais…
Serviço:
I Encontro Internacional de Literatura Cartoneira
Dias 25 e 26 de julho, na Praça da Palavra, no FIG 2013
Aberto ao público
Programação:
25/7
10h – “Garanhuns, o mundo, papelão e literatura: o que é o movimento
cartonero?”
Roda de diálogo e troca de experiências entre cartoneros
Com Nicolas Duracka (Cephisa Cartonera, França), Washington Cucurto (Eloísa
Cartonera, Argentina), Daniela Elias (Babel Cartonnière, Bolívia), Amandine
Cholez (Yiyi Jambo, França/Paraguai), Helder Herik e Núbia Bezerra (Severina
Catadora, Brasil), Juan Malebrán (Canita Cartonera, Chile). Mediação: Andreia
Joana Silva (Portugal)
19h – Cartoneros do mundo, avante!
Recital Cartonero. Leituras abertas e lançamentos de livros de editoras
cartoneras
26/7
10h às 13h – Workshop de criação de livros artesanais (público infantil),
com Andreia Joana
Silva (Portugal) e Nicolas Duracka (França)
10h às 13h – Workshop “Como fazer um livro com um pé nas costas”. Parte 1:
Fast writing –
workshop de escrita criativa, com Andreia Joana Silva (Portugal)
15h às 18h – Workshop “Como fazer um livro com uma perna nas costas”. Parte
2: Imprimindo, encadernando e pintando capas, com Andreia Joana Silva
(Portugal)
16h às 18h – Workshop de criação de livros artesanais (público adulto), com
Andreia Joana Silva (Portugal) e Nicolas Duracka (França)
19h às 20h30 – Troca de experiências entre cartoneros: exibição de
documentário sobre
democratização do objeto livro e conversa com cartoneiros. (Fundarpe)