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BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | domingo, 16 de junho de 2013


A edição deste domingo, do Jornal do Comercio traz
reportagem de Juliane Menezes sobre uma realidade vivida por 10 entre 10
municípios do Interior: a falta de médicos. Confira:

“A falta de médicos no
interior do Estado é um problema crônico em boa parte dos municípios
pernambucanos. Apesar da vasta oferta de empregos e dos altos salários
oferecidos pelas prefeituras, boa parte dos médicos prefere as facilidades da
vida nas grandes cidades e se concentram no Recife e cidades da Região
Metropolitana. Aos médicos que assumiram o mandato de Prefeito, uma dor de
cabeça que incomoda ainda mais.

Eu não sei qual o encantamento
criado pela capital. Os hospitais do Recife não estão pagando plantões de R$ 8
mil como o interior está pagando, queixa-se o prefeito de Pesqueira, no Agreste
pernambucano, Evandro Maciel Chacon (PSD). Formado em Medicina e especialista
em pediatria, o gestor que paga R$ 6,5 mil aos médicos do Programa Saúde da
Família (PSF) e até R$ 8 mil aos plantonistas que criticam a falta de médicos
em contraste com a alta demanda de enfermos. Isso porque, mesmo Pesqueira não
sendo um polo e contando com apenas um hospital municipal, atende pacientes de
municípios vizinhos, como Porção e Alagoinha.

Nós não vamos negar
atendimento às outras cidades, mas fica pesado. Os valores que eles (os
médicos) solicitam é muito alto. Não vou dizer que não mereçam, porque sou
médico e acho que, por conta da carência (falta de profissionais), (o salário)
tem aumentado significativamente. E quem vem perdendo com isso são as cidades
menores, lamenta Evandro Chacon. Embora enfatize que sabe que as grandes
cidades atraem mais pessoas por oferecerem mais serviços
e conforto, ele reforçou que sempre trabalhou na cidade
natal. Já recebi convites de outras cidades e não aceitei. Sou médico de
vocação, há 40 anos, ressalta.

Chacon não é o único
médico-prefeito que sofre com a carência de médicos em sua cidade. É também o
caso do prefeito de Petrolina (Sertão do São Francisco), Julio Lossio (PMDB),
especialista em oftalmologia. A situação do município, de acordo com ele, é
relativamente melhor em relação aos outros interioranos por tratar-se de uma
cidade polo e estar se formando nos últimos anos as primeiras turmas do curso
de medicina da Universidade Federal do São Francisco (Univasf), instalada na
cidade.

Estão se formando as primeiras
turmas e estamos tendo, pela primeira vez, uma demanda espontânea de as pessoas
procurarem emprego aqui, e não nós irmos atrás, comemora Lossio. Mesmo assim,
ele pondera que mesmo com a interiorização dos cursos de medicina, boa parte
dos estudantes provém da capital e termina voltando para a cidade de origem
após se formarem. O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) promove igualdade,
mas não produz equidade. Não podemos tratar como iguais os desiguais. O Enem
precisa ter um balizamento para dar acesso aos filhos dos sertanejos às
universidades. Quem tem acesso aos cursos mais procurado acaba sendo os alunos
de escolas privadas da capital, pondera o prefeito de Petrolina.

No município sertanejo, os
médicos do PSF recebem R$ 12 mil e não há nenhum hospital municipal. O prefeito
de São José do Egito, Sertão, Romério Guimarães (PT), reclama da falta de
especialistas. Clínico geral a gente tem, obstetra, pediatra e cirurgia geral.
Mas a maioria é gente recém-formada, sem especialidade, sem residência médica,
não tem especialização, lamenta o petista, que é
cirurgião geral e coloproctologista. Em Rio
Formoso, os médicos do PSF recebem até R$ 7,5 mil e os do hospital, até R$ 4,5 mil.

A mesma queixa quanto à falta
de especialistas ganha coro na voz do prefeito de Santa Cruz da Baixa Verde,
também no Sertão, Tássio José (PTB), que tenta reduzir o problema da falta de
médicos tentando convencer colegas que estudaram com ele durante a faculdade de
Medicina a atuar na cidade. Alguns vêm até por amizade, admite. E se já é difícil
atrair esses profissionais para a cidade, o maior desafio é mantê-los. A demanda de inscrições
para concurso público até apareceu, mas às vezes a gente se desestimula. Porque
é só outra cidade oferecer um pouco mais (de salário) e ele (o médico) vai,
avalia o prefeito de São Caetano, no Agreste, José da Silva, o Dr. Neves (PTB).
Em Santa Cruz da Baixa Verde, os médicos recebem até R$ 8 mil no PSF, e em São
Caetano, até R$7,5 mil.

Praticamente todos os
prefeitos-médicos entrevistados atribuíram o problema à queda nos repasses do
Fundo de Participação dos Municípios (FPM), do governo federal, que impedem o
aumento dos salários dos médicos e demais funcionários públicos. Durante o meu
mandato, eu tive que melhorar a situação salarial. Mas a grande dificuldade é a
arrecadação. A gente recebe menos do que gasta. Eu venho inclusive ferindo a
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para pagar a folha salarial, declarou o
prefeito de Rio Formoso, Hely José (PTB), que
é ginecologista e obstetra e paga R$ 6,4
mil aos médicos do PSF e R$ 7,4 mil aos
plantonistas do único hospital municipal. De
acordo com ele, ainda no final do mês passado
os médicos reivindicaram um aumento salarial para R$ 10 mil. O reajuste não foi
concedido. “Eu havia aumentado o salário recentemente e fui comparar com o valor pago pelos municípios vizinhos e está na mesma
faixa, justificou”.