BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
Não só a presidente Dilma Rousseff (PT) está na corda bamba este ano.
Prefeitos de todo o Brasil que vão tentar a reeleição em outubro encontram
cenário adverso, com baixa arrecadação, obras paradas ou inacabadas, salários
atrasados, promessas não cumpridas e, o mais desalentador, a falta de uma luz
no fim do túnel. Diante desse complicado enredo, 2016 torna-se campo fértil
para o crescimento das oposições. Especialistas que acompanham as movimentações
políticas apontam que, no Brasil, 60% dos Prefeitos não devem se reeleger.
|
Prefeito de São João, Genaldi Zumba. |
O tempo é propício para oposição justamente em cidades de médio e
pequeno porte, cuja arrecadação ainda é dependente dos repasses federais e que
não têm receitas próprias. O eleitor, nessas regiões, tende a centralizar a
cobrança na figura do Prefeito, ponta de lança da gestão. O discurso, muitas
vezes fácil e promissor da oposição, acaba convencendo o votante, com o
argumento de que em 2017 a situação vai melhorar, apesar de economistas
apontarem que o desfecho da crise econômica não tem data.
Com base em análises de pesquisas pré-eleitorais, o analista político
Maurício Romão avalia que a oposição está com grande possibilidade de aumentar
o número de Prefeitos. Numa breve retrospectiva, Romão recorda-se das duas
últimas eleições municipais. Em 2008, diz ele, a tendência dos Prefeitos era
pela continuidade. Lula estava no segundo mandato e a economia ia bem. Logo, os
repasses chegavam aos cofres municipais e às obras eram tocadas.
“Oposicionistas procuravam localizar a eleição apontando fragilidades nos
municípios e os situacionistas queriam nacionalizá-la”, rememora. No período,
95% dos Prefeitos das capitais foram reeleitos.
|
Prefeito de Caetés, Armando Duarte. |
Passados quatro anos, o quadro começa a mudar e as reeleições, a
despencar. Em 2012, a proporção de candidatos reeleitos caiu para 50% nas
capitais. No Recife, inclusive, após a briga fratricida dentro do PT, que
deixou o então prefeito, João da Costa (PT), fora da disputa, o partido perdeu
a prefeitura para o atual gestor Geraldo Julio (PSB). “Apesar de ainda não
terem acontecido às manifestações de 2013, as prefeituras já enfrentavam
dificuldades, mas elas ainda não estavam sendo reverberadas”, analisa Romão.
|
Prefeito de Iati, Padre Jorge. |
Com mais de 41 anos de experiência em campanhas políticas e 16 livros
publicados sobre o tema, o marquetólogo Carlos Manhanelli analisou mais de 40
pesquisas de opinião em capitais e cidades de grande porte de todo o Brasil.
Segundo ele, 60% dos Prefeitos não se reelegerão. Ele elenca dois motivos: o
primeiro é o fato de as atuais gestões serem as que tiveram menos dinheiro para
fazer obras e serviços na Cidade; o segundo ponto é o desgaste da classe
política. “Mas é um grande engano para o eleitorado, porque quem assumir terá
os mesmos problemas de quem está hoje. Não depende da vontade política, mas da
situação socioeconômica que se encontra o Brasil”, alerta.
|
Prefeito de Bom Conselho, Danillo Godoy. |
Prefeito de Cumaru, no Agreste do Estado, e secretário geral da
Confederação Nacional de Municípios, Eduardo Tabosa (PDS), avalia o quadro
financeiro como “gravíssimo” e explica a relação entre o gestor e o eleitorado,
principalmente em cidades menores. “A população não entende esse contexto da
crise. Ela entende que é Deus no céu e o Prefeito na terra para resolver os
problemas”, argumenta. Por não terem receita própria e dependerem
essencialmente de repasses federais e estaduais, os municípios menores acabam
sendo os mais prejudicados, explica ele.
|
Prefeito de Saloá, Ricardo Alves. |
Responsável pelo julgamento das contas dos municípios pernambucanos, o
presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), Carlos Porto, faz um
alerta sobre as falsas promessas eleitorais. “2016 será um bom ano para os
(candidatos) aventureiros, aquelas pessoas que vão chegar e prometer tudo”,
avalia Porto. (Com Informações do
JC on-line)