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BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | domingo, 17 de março de 2013

Embora
tenha sido antecipada exoticamente pelo próprio governo, contra todas as
melhores regras da tradição política, a sucessão presidencial ainda está num
estágio incipiente para os principais candidatos a adversários da presidente
Dilma Rousseff.

Enquanto a ex-senadora Marina Silva está em plena luta para criar uma sigla que
possa chamar de sua, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o senador
mineiro Aécio Neves tentam se organizar dentro de seus próprios terrenos para,
a partir daí, jogarem-se mais seguramente na tentativa de vencer a máquina
governamental, que já está funcionando a toda.

Recentemente, os dois tiveram conversas fundamentais para aplainar o terreno
que pisarão dentro em pouco. Aécio deve assumir a presidência do PSDB em maio,
e a partir daí intensificará suas viagens pelo país, mesmo que não assuma
formalmente a candidatura. Campos marcou setembro como a data para anunciar sua
decisão e está em campo para avaliar as possibilidades concretas de levar seu
plano adiante.

Dentro do PSDB, a única e grande pedra no sapato de Aécio continua sendo a
união do grupo paulista que até hoje indicou todos os candidatos a presidente
da República do partido, começando pelo ex-senador Mario Covas, seguindo por
Fernando Henrique, vitorioso duas vezes, José Serra, duas vezes, e o governador
paulista, Geraldo Alckmin. Dependente do apoio paulista, o mineiro procurou o
último para saber seu ânimo diante da disputa que se avizinha.

Foi claro com ele, perguntando diretamente se estava nos seus planos, mesmo que
remotamente, disputar a Presidência novamente em 2014. Se a resposta fosse positiva,
mesmo que no plano puramente especulativo, Aécio disse a Alckmin que não teria
problema em abrir mão da postulação, com uma explicação muito simples ao
eleitorado: não consegui unir o partido e devolvo à direção nacional a decisão
sobre quem será o candidato. Voltaria a Minas Gerais para provavelmente ser
candidato novamente ao governo do estado.

Alckmin teria sido enfático ao recusar tal possibilidade, garantindo a Aécio o
apoio integral da seção paulista. O incômodo que Serra estaria sentindo, com
relação à direção nacional e até mesmo ao governador paulista, é uma questão a
ser superada, mas não impeditiva da união partidária.

Na formação da nova direção nacional, Serra será convidado por Aécio a
participar, pessoalmente ou através de um representante de seu grupo, mas há a
percepção no partido de que não existe a possibilidade de um racha que divida
os votos tucanos em São Paulo.

Tanto para o governo quanto para os outros candidatos, sempre haverá um ranço
contra o mineiro que tirou do páreo os paulistas, e é nesse espaço que veem a
chance de quebrar a hegemonia do PSDB no estado. Já Campos, candidato natural
do PSB e sem rivais do partido, teve uma conversa franca com a presidente Dilma
Rousseff no Planalto, onde as fichas foram colocadas na mesa.

A presidente tomou a iniciativa de dizer que compreendia o momento do PSB e
considerava quase certo que um dia Campos ocuparia o lugar que hoje é dela.
Qualquer decisão que viesse a ser tomada, disse Dilma, não interferiria na
relação de amizade que nutria em relação a ele e à sua mulher, Renata. Campos
admitiu que o partido o estava empurrando para a disputa e pediu que Dilma se
considerasse livre para agir da maneira que considerasse melhor em relação à
participação do PSB no governo.

Falou sobre o desgaste natural que a permanência por muitos anos de um mesmo
grupo político no governo provoca e se disse convencido de que a coalizão
PT-PMDB estava esgotada, sem um projeto para o país. Foi claro ao dizer que
temia que o PSB fosse tragado pelo fracasso da coalizão governista, mas se
colocou sempre crítico ao PT, e não à pessoa da presidente.

Advertiu-a de que a popularidade de hoje pode desaparecer. Garantiu que não
fazia qualquer movimento com vistas a ocupar a vice-presidência no lugar de
Michel Temer, e prometeu comunicá-la assim que se decidir.

Dentro do governo, Campos já é visto como o adversário a ser batido, por
representar a novidade da eleição. O que muitos no PSB temem, porém, é que essa
novidade envelheça, com toda a exposição que necessariamente o governador terá
que estimular para criar em torno de si uma expectativa de poder. (O Globo)