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BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | domingo, 19 de março de 2017

 
 “Qual a carne posso levar?
Qual a marca que disseram que estava estragada?”. O diálogo por telefone era
entre uma consumidora e o esposo em um supermercado. As dúvidas com a falta de
informações transpareciam na hora da escolha e ela acabou levando peixe ao
invés da carne vermelha.
O sentimento é reflexo imediato da operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia
Federal, que atingiu os maiores frigoríficos do País e levantou suspeitas sobre
o pagamento de propina a fiscais do Ministério da Agricultura para liberar
produtos estragados e com certificados sanitários adulterados.
Aqui em Garanhuns, em três supermercados de redes diferentes os
produtos das marcas envolvidas na investigação – JBS, dona da marcas Friboi,
Seara e Big Frango, e a BRF, à frente da Sadia e da Perdigão – continuavam
expostos nas gôndolas. Em reserva, os gerentes das lojas registraram que não foi
repassada nenhuma orientação sobre a retirada dos produtos.
No setor de embutidos a desconfiança é ainda maior e alguns clientes
faziam várias perguntas para os funcionários antes da compra. Uma aposentada preferiu
não arriscar e levou peixe ao invés da charque. “Eu fiquei com medo, vou pensar
antes e só depois vou comprar. Vou ver quais estão liberadas. Por ora, comprei
peixes e ovos. Fiquei com medo ao ver a cor da carne, a qualidade”, disse ela,
acrescentando que uma das favoritas na hora da feira era a charque da Friboi. “Não
sou a maior fã de carne e agora é que vou ficar um tempo sem comprar mesmo. São
muitas marcas envolvidas e, às vezes, você compra e não vê claro o nome da
empresa”, afirmou. “É um absurdo, indiretamente eles são assassinos por fazerem
isso. Eles brincam com a saúde dos outros”, criticou uma professora enquanto
fazia as suas compras.

CARNE FRACA – A operação Carne Fraca investiga 30 empresas,
incluindo fornecedoras de grandes frigoríficos. Suspeita-se que elas estavam
envolvidas em organização criminosa formada por fiscais agropecuários federais
e as próprias empresas que, entre outros atos ilícitos, colocam à venda nas
gôndolas dos supermercados carnes podres maquiadas com ácido ascórbico, um
produto potencialmente cancerígeno.