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BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | quinta-feira, 09 de dezembro de 2021

 

Dermatologistas que atuam no Nordeste ajudaram a resolver um Mistério que afetava moradores de munícipios da Região Metropolitana de Recife e de várias cidades do Estado de Pernambuco. Com o suporte da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), eles implementaram uma série de ações que permitiram identificar as causas de mais de 500 casos de dermatites registrados no Estado. Agora, a SBD confirma que o problema tem relação com as asas de uma mariposa.

 

 

O trabalho realizado pelos dermatologistas Cláudia Ferraz e Vidal Haddad Junior permitiu descartar várias hipóteses levantadas para explicar a origem do surto. Entre as possibilidades, estavam intoxicação por ivermectina; escabiose (sarna); picadas de insetos e outras. Contudo, não houve comprovação técnica ou científica. “A hipótese de escabiose era absurda, pois o tipo de transmissão é outro, a distribuição e o aspecto das lesões cutâneas eram distintos e nenhum ácaro foi achado em muitas amostras de exame direto e exames histopatológicos”, cita nota técnica assinada pelos dois especialistas da SBD.

 

 

A chave do problema repousa nas asas de mariposas do gênero Hylesia, que se reproduzem nesta época do ano e causam epidemias de dermatites em vários pontos do País. Esses insetos entram em ambientes domésticos e, ao se debaterem contra focos de luz, liberam cerdas corporais minúsculas que penetram profundamente na pele humana e causam a intensa dermatite (coceira) observada. Além da inflamação inicial, descrita na histopatologia como um infiltrado linfocitário, existe a probabilidade de formação de granulomas em fases posteriores. A dermatite permanece por dias e até semanas, devido à permanência das cerdas (“flechettes”) na pele. Essas cerdas podem ser observadas na pele e exames realizados as mostraram com clareza.

 

 

Os especialistas da SBD explicam que o tratamento é feito com foco na inflamação com corticoides tópicos e anti-histamínicos e, por vezes, dependendo da extensão das lesões, o uso de corticoides sistêmicos pode ser necessário. “Com a comprovação das cerdas no exame direto, história clínica e epidemiológica extremamente compatível e relato de mariposas no local feito pelos moradores, concluímos que o mistério está resolvido e esperamos que os tratamentos corretos sejam ministrados à população”, assinalam os dermatologistas Claudia Ferraz e Vidal Haddad Júnior. (Com informações e imagens do Site Oficial da Sociedade Brasileira de Dermatologia. CONFIRA)