BUSCA DE NOTÍCIAS 2021
BUSCA DE NOTÍCIAS DE 2013 A 2020
BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | domingo, 03 de fevereiro de 2013


A agricultora Severina Maria da Silva(foto), 46 anos, finalmente recebeu do poder
público uma reparação em relação à falta de assistência sofrida durante os
vários anos em que foi violentada pelo pai, de quem engravidou 12 vezes. Na
quinta-feira, a Câmara de Vereadores de Caruaru concedeu a agricultora uma
pensão pecuniária que vai ajudá-la a criar os quatro filhos (e irmãos)
adolescentes que vivem com ela em uma pequena casa na Vila Itaúna, zona rural
de Caruaru.

Segundo Elba Ravane, da Secretaria Especial da Mulher, o valor fixado foi de
R$ 1 mil mensais. A pensão, segundo Elba, é um direito adquirido e não pode ser
suprimido da agricultora, mesmo com mudanças de gestão no município. Severina
mantinha os filhos com o dinheiro da lavagem de roupas em casas vizinhas, mas
uma doença nos rins vinha impedindo que ela realizasse a função. O plantio
extraído da roça (milho, feijão) é voltado para sustentar ela e a família.

Severina começou a ser molestada aos 9 anos. Tem cinco filhos vivos: José
Severino, 14; Antônio Severino, 15; Cícera, 12; Antônia, 18; e Antônio, 20
(este vive em uma casa próxima à da mãe). Durante os 28 anos em que Severino
Pedro Andrade, seu pai, a violentou, Severina procurou várias vezes as
Delegacias de Caruaru e Brejo da Madre de Deus. Seu pai nunca foi preso ou
sequer procurado pela polícia. 

Em 2005, ela contratou dois homens para matar
Severino, dias depois de ele mostrar-se interessado em molestar Antônia, filha
dele e de Severina. Na época, a menina tinha 11 anos. A agricultora foi presa
após sair do enterro do pai (sua mãe, Maria Eudócia, a denunciou) e passou um
ano e um mês na Colônia Penal de Garanhuns, sendo considerada, segundo o texto
do processo,“perigosa para a sociedade”.

Em agosto de 2011, ela foi levada a julgamento (no Forum Thomaz de Aquino
Wanderley, no Recife) e absolvida – o próprio promotor, José Edevaldo, entendeu
que a agricultora era vítima, não culpada. Dias depois, ela passou a ser
atendida, no Centro de Referência da Mulher, por uma psicóloga que a visitava
em casa. Em setembro de 2012, a agricultora declarou que há mais de seis meses
ninguém do serviço de saúde municipal a procurava.

A proposta de auxílio financeiro foi enviada ano
passado pela Secretaria Especial da Mulher e aprovada na última quinta-feira
por unanimidade. De acordo com a assessoria, toda a família passará a receber
assistência através da Secretaria de Políticas Sociais. Severina também é
acompanhada por uma assistente social do Centro de Referência da localidade.